Minha morada fixa fica no distrito chamado Rakai, a cerca de cinco horas da capital Kampala. Meu desejo no início era morar na capital, mas conhecendo esse lugar tive certeza que era aqui que deveria ficar. Imagine você poder dormir no seu trabalho, sem trânsito, sem estress, horário flexível, leite tirado da vaca (pela primeira vez o leite não me fez mal – viu mãe, tou tomando leite aqui!)... É assim a vida aqui na Comunidade Hope Child Care Program. Sem contar com as centenas de crianças que passam por aqui diariamente.
Deixe-me explicar melhor: a Comunidade Hope é composta por uma escola que atende desde os chamados babies (cerca de 4 anos de idade) até os primary seven (cerca de 14 anos). Temos ainda a igreja (Batista, uma feliz surpresa quando cheguei por aqui), a casa dos visitantes, separada em quarto dos meninos e quarto das meninas, clínica médica, quarto dos estudantes que moram aqui (normalmente órfãos ou rejeitados) a administração da ONG e, ainda, algumas casinhas extras. Aqui é super bonito, um lugar que proporciona qualidade de vida para as crianças, bem distante da realidade das ruas empoeiradas de Uganda. Contudo, viver na África não é para qualquer um não... Veja abaixo os desafios que estou tendo que encarar (os principais, sempre tem mais alguns...rs)...
AlimentaçãoCreio que para aqueles que deixam o Brasil a coisa fica ainda mais complicada. Definitivamente não temos vairiedade de comidas por aqui. Comemos basicamente carne de bode (como no nordeste, mas ela não é seca, é cortada em pedaços e feita num molho bem forte), batatas e ovos. Temos também arroz e um pão frito que parece uma panqueca chamado chapati.
Legumes? Só vi no supermercado! E pode preparar o intestino nos primeiros cinco dias: a comidas alimentação de um modo geral é super oleosa. Tudo é frito ou leva bastante óleo.
Frutas: o que no nosso país eram 100 possibilidades de frutas, podemos reduzir para 20 aqui, mais ou menos essa proporção. Tendo em vista que nem todos os distritos aqui tem as sua frutas prediletas faça como eu, contente-se com bananas e eventualmente alguns abacaxis.
BanheirosBem, confesso que tomei um susto no primeiro dia. A maioria das casas aqui em Uganda tem aqueles vasos sanitários de chão. Pelo menos é bastante higiênico pensando naqueles que são muito freqüentados. Ah, e pelo menos aqui na ONG os vasos sanitários da Guest House (onde vivo) são ocidentais...
Lavando suas roupas
Esqueça os botões da máquina de lavar. Por aqui as mulheres lavam roupa na mão, e comigo e meu amigo Tomoya não seria diferente (foto). Sentamos num banquinho, pegamos o sabão e esfregamos as roupas, debaixo da sombra é claro. Ah, você quer saber de onde pegamos a água?
Coleta da água
Aqui na Hope temos torneiras em todos os quartos, mas acho que elas só foram feitas para nos fazer lembrar de nosso país. A água precisamos buscar em tanques no meio do jardim, cuja água provem da chuva. São tanques especiais que tratam a água, mas eu sinceramente só a uso para fins de limpeza e higiene. Para beber, ainda prefiro ferver a água.
No water, sem banho de chuveiroBem, o banho é feito com a água que coleto dos tanques lá de fora. E com a água que sobra do banho encho a área do vaso sanitário para usar como descarga. Eu bem que poderia coletar mais água para esse fim, mas como sei que a seca está chegando melhor economizar.
Energia elétrica
Cerca de 80% do país não tem energia elétrica. Aqui na ONG felizmente a partir do momento em que começa a anoitecer ligamos um gerador, que nos deixa bastante confortáveis e é por este motivo que consigo me comunicar com vocês. Mas somos exceções à regra.
MosquitosComo já era de se imaginar, os mosquitos são um problema sério aqui na África. Ao chegarmos aqui no Distrito, mal pude brincar com as criancinhas, que comecei a literalmente ser atacada pelos mosquitos. Contudo, aqui onde moro eles praticamente não aparecem, Moro na parte alta da cidade, próximo as colinas. Além disso, o quarto dos visitantes, onde estou, têm tela que me protege de outros insetos inclusive. Por conta dessa mosquitaiada, recomendo seriamente que você não pare na vacina contra febre amarela. Em breve devo postar algumas dicas nesse sentido, mas te digo: não se contente apenas com a vacina recomendada pelo governo. Voce vai gastar uma grana extra, mas creio que sua saúde não deva ter preço.
Você ainda tem vontade de vir para cá? Caso você tenha objetivos bastante claros tudo ainda vai valer a pena.