segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Bye, see you tomorrow!

Passei uns bons 20 dias sem postar nada. Voces que me perdoem, mas dei-me o luxo de não frequentar a internet nas minhas últimas três semanas no continente Africano. Queria aguçar meus sentidos e aproveitar todos os mais preciosos segundos ao lado das crianças e daquele povo que fez parte da minha história nos últimos seis meses. Felizmente, foi o que aconteceu.

Em meio a sorrisos e lágrimas, relatórios sobre os projetos foram feitos e despedidas-surpresa planejadas. Foi muito bom ouvir que as sementes deixadas serão semeadas, algumas literalmente. Ir embora trouxe uma sensação muito estranha, um misto de "quero ficar mais um pouquinho" com "quero voltar para o meu país".

As crianças se reuniram na noite anterior à minha partida, 11/11, e fizeram uma apresentação com músicas de agradecimento incluindo meu nome. Foi lindo receber a homenagem, mas foi duro olhar para aquelas crianças e pensar em seus futuros.

Ser voluntária na África certamente foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. A carga de aprendizado superou todas as minhas expectativas. Foi lá também que aprendi o verdadeiro significado da palavra amor e o quão bom é servir as pessoas. Adicionalmente, algo bastante interessante também aconteceu: devido à imensa quantidade de problemas que me cercavam percebi que por mais que eu quizesse não conseguiria ajudar a todos. Foi ai que lembrei de algo que me consolou positivamente: "que bom que existe um Deus que está no controle de todas as coisas."

Creio que não há términos, mas recomeços. Estou recomeçando minha vida em São Paulo, e é por aqui que vou recomeçar minha vida agora. A lacuna que faltava foi preenchida e agora é preciso olhar para frente considerando o que ficou para trás.

Aos meus amigos que acompanharam esse BLOG ao longo dos últimos meses vai um recado: estou de volta e quero ter a oportunidade de dar-lhes um abraço bem Brasileiro e contar as histórias que não pude registrar aqui.

A todos os seguidores do BLOG, vai o meu muito obrigada pelo carinho e o desejo de nos encontrarmos pessoalmente um dia.

Aos curiosos ou inspirados pela ideia de "largar quase tudo e ir para África" fica registrada minha disponibilidade de ajudá-los com todas as dicas e esclarecimentos que precisarem.
Todas as tardes, quando voltava para casa na cidade, ouvia a voz dessa menininha ai do lado que me cumprimentava e, em seguida, se despedia. E é assim que concluirei esse post:"Bye, see you tomorrow".



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Se fosse uma cobra...

Você conhece aquele ditado que diz "se fosse uma cobra teria me picado"? Pois é, não funcionou comigo.

Mais uma noite sem luz na Vila. Devido às dificuldades financeiras pelas quais a Organização está passando, às vezes não há recursos para comprar combustível para o gerador. Nada que me impeça de usar minha cozinha e preparar um jantar à penunbra ou esquentar minha água para o banho. O último domingo 8 foi mais uma uma noite dessas mas com uma diferença: havia uma intrusa acompanhando meus passos na escuridão.

Coloquei minha água para esquentar e, como de costume, puxei minha cadeira para pensar na vida enquanto aguardava. Estava escuro e aconchegante olhar para o fogo enquentando a chaleira. Mas eu tinha uma lanterna nas mãos, mas temia ligá-la para economizar energia e usá-la dentro do meu quarto.

De repente, decidi ligar a lanterna afinal luz existe para ser usada e cinco minutos a mais nao faria diferença. Não apenas liguei a lanterna como não me lembro por que razão decidi levantar da cadeira e, não satisfeita, girar meu corpo com a lanterna. Foi quando avistei um bolo preto no canto da parede. "TIMBA!!!!", cobra em luganda eu gritei.Logo os meninos e um dos coordenadores vieram ao meu socorro e, rapidamente, mataram o bixo. Antes, porém, é claro que eu não poderia deixar de correr para meu quarto e pegar a câmera para deixar tudo registrado!

Para voces terem uma ideia da distância em que ela estava dos meus pés, tirei também uma foto da cadeira na posição em que eu estava sentada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Nosso jardim mais gostoso

Meus últimos dias na Vila não poderiam ter sido mais abençoados: finalmente fizemos a colheita dos tomates. Bacias e mais bacias de tomates. Foi um prazer imenso ver aqueles frutos brotatem tão saudáveis.

Nos próximos meses a escola terá não apenas tomates, mas também cenouras, repolho, beringela, pimentão, feijão e milho para farinha! Em outras palavras, conseguimos achar o caminho para a alimentação sustentável da escola.

Finalmente, eles não dependerão mais de doações vindas do exterior para garantir a alimentação das crianças.

domingo, 1 de novembro de 2009

Women's Group

Em posts anteriores mencionei que as mulheres por aqui enfrentam muitos problemas, tais como viuvez, abandono e violência doméstica. Assim, é muito importante que elas se unam e juntas encontrem atividades que supram suas necessidades financeiras, sociais e pessoais. Assim, grupos de mulheres são formados em várias Vilas ao longo do país, contribuindo para uma vida um pouco mais saudável.

Acima, o grupo de Mulheres da minha Vila, Bulanga, apresentando a alguns visitantes uma dança tradicional, além das peças que confeccionam (bolsas, colares, pulseiras, cestas e tapetes).

Os produtos são muito bonitos, mas o mais importante é conhecer as histórias de quem os produziu, bem como os métodos de produção. Os colares, por exemplo, são produzidos com pequenos pedaços de jornal, enrolados um a um e banhados em tinta de cores diversas e, finalmente, invernizado.
Há ainda algumas ONGs que treinam, apóiam e suportam pessoas com deficiências físicas, órfãos e viúvas comprando os produtos produzidos por eles e exportando para paises da Europa, por exemplo. Este é um bom exemplo de consumo consciente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Contagem regressiva

Há algumas semanas comecei a ter um conflito de sentimentos: é um misto de alegria por em breve voltar para casa e ver as pessoas queridas e, simultaneamente, tristeza por deixar as crianças por tempo indeterminado. Contudo, no balanço final, a felicidade vence a tristeza por um simples motivo: estou cumprindo mais uma etapa da minha vida.

É como se estivesse concluindo a faculdade mais uma vez. Enfrentei várias dificuldades, muitas vezes tive vontade de deixar tudo, mas no fundo sabia que a experiência era um investimento que resultaria em um saldo mais que positivo. Faltam 12 dias para eu deixar a Vila de Bulanga.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A família Nestlé

Estava eu a limpar meu quarto quando olho na porta e vejo um passarinho caído no chão. Esse certamente é um dos menores exemplares que temos por aqui em Uganda. Eles estão sempre em grupos, e gostam de brincar e buscar insetos no gramado. Bastante ariscos, não podemos nos aproximar mais que sete metros dos danadinhos.

Nesse dia, pela primeira vez venci a barreira dos sete: consegui resgatar o bixinho do chão. Ele parecia meio atordoado, e uma das patinhas estava bem aberta, como que quebrada. Dei água para ele, mas achei que ele estava doente e logo mais nos deixaria.

Sem perder as esperanças, Romeo e eu separamos um espaço para colocar o passarinho: uma sombra com água fresca disposta em uma tampinha qualquer. Em alguns minutos percebi que o passarinho começou a inchar. Comecei a ficar com medo de que aquilo fosse alguma reação pré-morte e fiquei meio mal...

Opa, uma tampinha qualquer?

Porém, aquela tampinha de água não era uma tampinha qualquer. Nela havia estampada a foto dos antepassados do passarinho! Puxa agora tudo faz sentido: ele ficou realmente emocionado, foi por isso que ele inchou e fechou os olhinhos contendo-se para não chorar.

Cerca de duas horas após esse episódio o passarinho não estava mais lá. Certamente voou para contar a novidade para o restante da família.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Belos dias para as crianças

No último dia 14/11 os voluntários dos EUA chegaram na nossa escola para montar o parquinho. Foram 4 dias de trabalho duro que incluiu preparação de cimento, cavar buraco e carregar os pesadíssimos aparatos de ferro.



Durante esses dias eu praticamente virei empregada doméstica, a fim de contribuir para que os visitantes tivessem o melhor após o longo dia de trabalho. Mais uma vez isso me fez lembrar de uma das características do trabalho voluntário: fazer o que for preciso para ajudar, anulando a si mesmo se necessário for. Mas valeu a pena.
O grupo foi uma graça, super colaborativos e a fim de trabalhar. A inauguração do novo espaço de lazer aconteceu no domingo, com direito a distribuição de doces e brinquedos para todas as crianças. Elas estão muito felizes. E eu também.


















Mão ou pé? Mas que chulé!

Aqui em Uganda as mulheres não precisam esconder as mãos nem os pés. Os manicures e pedicures estão por toda parte. Sim, "os", e apenas "os". Eles lixam, limpam (?) e pintam, tudo por apenas o equivalente a R$2,00 na moeda local.

De vez em quando estou passando em Kampala e vejo uns manicures trabalhando, bastante concentrados nos pés e mãos das mulheres. Caso voce esteja a fim de pegar uma frieira, é só chamar!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Semana da criança

Aqui na África todo o dia é dia das crianças. E das mães. Diariamente, nascem milhares de crianças que, em sua maioria, nunca conhecerão seus pais biológicos.

Fico imaginando como deviam estar cheios os Shopping Centers do Brasil nesse último fim de semana, com pais e familiares aflitos em busca do melhor presente, comumente acompanhados de suas crianças chorando pela melhor opção. Por aqui, a Semana das Crianças não será muito diferente: os pais estão aflitos para conseguir dinheiro para que suas crianças voltem às aulas. Muitas vezes pais e crianças também estão juntos, carpintando, e os pequenos chorando querendo estudar.

Mas não é preciso ir à África para vivenciar situação similar. O Brasil também está repleto de favelas nas quais as crianças não têm esperança alguma. Sem contar com nosso nordeste que não perde para muitas regiões da África.

Contudo, nem só de tristezas vive esse lugar. Aliás, os últimos tempos têm sido muito proveitosos. Em outubro recebi uma doação por parte de amigos brasileiros. Com o dinheiro, conseguimos comprar Bíblias para crianças e adultos. Nessa semana receberemos a visita de alguns norte-americanos que doaram vários brinquedos que serão montados por eles nos próximos dias. Algumas bolas também surgiram, e é incrível notar como uma bola consegue gerar tantas brincadeiras diferentes, para meninos e meninas.

Apesar dos problemas lá fora, e de alguns estruturais aqui dentro, os dias das crianças da nossa organização serão bem mais coloridos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Para fazer voce sorrir ou chorar

























































"All children have the same right to develop their potential – all children, in all situations, all of the time, everywhere." UNICEF

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A nova moda dos meninos Bright

Criatividade é o que não falta por aqui. A cada mês os meninos trazem uma idéia nova, e com ela um brinquedo novo.

Há um tempo atrás um dos meninos apareceu usando óculos. Gostamos tanto da idéia que acabamos desenvolvendo um workshop de óculos para todas as outras crianças.

Na mesma semana, desafiando a si mesmos, um dos meninos criou uma cesta de grama, um presente super especial.
Em setembro a moda é hélice de avião. Bom, deixe-me explicar melhor: pega-se uma folha, corta-se suas extremidades de um lado e de outro, e faz-se um furo no meio. Depois, pega-se um galho de árvore, afina-se sua ponta e encaixa-se a folha furada nessa ponta. Finalmente, procura-se a direção do vento. Se não houver vento, basta correr. Bem, com vento ou sem vento o negócio dos meninos é mesmo correr e se divertir!

De fato, viver num lugar como esse no qual não há enlatados para o almoço ou carrinhos à pilha para as crianças força-nos a buscar meios de sobrevivência com o que a natureza nos oferece. Dessa forma, para aqueles que vieram da cidade como eu, acabamos passando por um exercício bastante interessante: desenvolver nossa criatividade.

Um caso Jessicah

Nasasira Jessicah é uma menina de 10 anos que vive numa casinha de palha tradicional, com sua mãe, irmãos e padastro. Jessicah tem sofrido rejeição por parte do padastro que, influenciado por seu irmão e dono das terras e gado onde vivem, tem sido convencido de que essa menina tem atrapalhado a família. Tudo porque a menina não é filha dele, e sim de um relacionamento anterior da mãe dela.

Tudo começou quando Faibe, a mãe da Jessicah, se apaixonou por um garoto na época da escola. Eles ficaram juntos e ela acabou engravidando. Ao descobrir que a menina estava grávida, o pai da criança desapareceu. Sua família, por sua vez, seguindo os costumes de sua tribo, castigou a menina obrigando-a a casar-se com um homem bem mais velho, o atual padastro de Jessicah.

Há cerca de duas semanas Faibe veio à nossa organização procurando por ajuda. A mãe reportou que, juntamente com a filha, estava sofrendo violência doméstica por parte do marido, que a cada dia mais tem pressionado Faibe a tirar Jessicah de casa.

Esperança

A fim de tentar amenizar a situação de violência doméstica, física e psicológica, o coordenador das crianças patrocinadas pela Austrália e eu fomos visitar o esposo da Faibe e fazer-lhe uma proposta/missão: incluir o nome da Jessicah como uma de nossas crianças com maior prioridade para conseguir um patrocinador que financie suas despesas de estudo e moradia na nossa escola. O padastro ficou satisfeito com a proposta e conversará com seu irmão para tolerarem a menina por mais algum tempo. Algum tempo.

Bright Hope School, o coração da nossa organização, hoje atende 355 crianças, sendo que cerca de 140 delas estudam e moram aqui. Para tanto, elas devem pagar trimestralmente o equivalente a R$150,00, que cobre despesas com uniforme, cuidados médicos e alimentação, além do carinho e atenção que raramente recebem em seus lares.

Atualmente, apenas 169 das nossas 355 crianças são patrocinadas, por pessoas físicas dos Estados Unidos e Austrália. Das não-patrocinadas, muitas famílias têm dificuldade para honrar com os pagamentos resultando em desistências, uma vez que a comunidade de Bulanga é extremamente pobre. Ao lado, Jessicah, Faibe e um dos filhos do segundo relacionamento, posando em frente a sua casa (ao fundo). Clique na imagem para ampliá-la.

Casos como o de Jessicah, com suas variantes, são comuns por aqui. Poligamia, alcoolismo, desemprego e falta de perspectivas de futuro trazem para dentro dos lares de Uganda tristeza e doenças. A pobreza por aqui certamente é mais espiritual que econômica.

Nesse momento estamos trabalhando na reestruturação do website da organização, e criaremos uma área exclusiva na qual o visitante poderá conhecer nossas crianças vulneráveis, como a Jessicah, e escolher uma para patrocinar. Mesmo sem o website estar pronto, queria compartilhar com vocês o caso dessa menina, e se você sentiu no coração uma vontade de ajudá-la basta me procurar. Espalhe a oportunidade de ser parte de um futuro com muito mais brilho e esperança, um valor inestimável.

Os tomates estão chegando!

Finalmente a agenda das aulas práticas de agricultura saiu do papel. Todos os sábados, das 9h às 10h uma turma visitará nosso jardim de tomates para praticar e também ouvir uma lição Bíblica relacionada ao tema.

Nesse fim de semana tivemos a presença da primeira turma que, bastante engajada, contribuiu de forma animadora para o cultivo do nosso jardim. É interessante como a natureza nos ensina tanto, e como podemos comparar nossas próprias vidas a árvores e seus frutos, folhas secas e as pragas ao redor.

Usando como base Gênesis 2:15 e Salmos 1:1-3, fizemos uma reflexão da importância do cuidado do nosso meio ambiente desde o início da criação e que, tal como uma planta, precisamos cuidar para termos um crescimento sadio e, conseqüentemente, gerar bons frutos onde quer que estejamos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Hakuna Matata parte final - África selvagem: Lakes Naivaisha e Nakuro

Os dois últimos dias da minha aventura pelo Quênia foram esplendidos. E a decisão de ter mudado o roteiro e incluído o Lake Naivaisha, roteiro não tão popular, foi bastante acertada.

O quê que o Naivaisha tem? TEM!

A princípio a idéia de andar de bicicleta pelo Parque me frustrou. E mais ainda quando soube que tinha que pagar à parte pelo aluguel bicicleta. Poxa, como muzungo por aqui sofre viu!

Bom, ao lado da minha colega Taianesa que acabara de conhecer, pegamos a bicicleta e saímos a pedalar pelo Parque. Logo na entrada a frustração se tornou em admiração.

Já imaginou pedalar num lugar com pouquíssimos turistas, montanhas totalmente especiais e, ainda, animais selvagens cruzando o seu caminho? Foi essa a experiência que tive por lá. Foram quatro horas de bike, admirando a paisagem ao meu jeito. Diferentemente dos carros de safári, a velocidade é controlada por mim. Eu paro onde eu quizer, quando eu quizer e para admirar o que eu quizer.

Falando em parar...

Ok, a história estava super bonita né? Desculpe cortar agora, mas essa parte do passeio também não teve como esquecer. Aliás, vai uma dica: escolha bem seu parceiro de bike: é muito chato quando as pessoas não têm o mesmo ritmo, e têm que ficar esperando pelas outras. Confesso que não sou uma atletaaaa, mas não fiz feio igual minha colega Taianesa viu... Atrasar nosso circuito por cerca de 1 hora por causa dela e perder de ver as águas termais foi doído, mas quando estamos em dupla, temos que ajudar um ao outro né, fazer o quê?

Mas eu acho que o que a atrapalhou foi o chapéu de praia que ela estava usando. Deveria estar pesado.


Respeitável público... Com vocês: LAKE NAKURU!

Minha viagem não poderia fechar com uma chave de ouro mais reluzente. Finalmente cheguei a um dos locais que eu mais queria visitar: o lago dos flamingos cor-de-rosa.

Imagine um lago muito,muito extenso e em toda a sua costa repleta de flamingos cor-de-rosa, entoando um som meio de pato, meio de ganso, um sol sereno e um lago azul. Essa é a composição do cenário do lago. Você pode ficar parado lá por muito tempo, em silêncio, somente ouvindo o som dos flamingos, vendo os pelicanos voarem...
Para os mais românticos, até o cheiro de excremento de peixe dos milhões de pelicanos é sensível. Aliás, aquele cheiro chega a entrar na garganta de tão forte, mas o cenário realmente é deslumbrante.

Estava tudo tão lindo, tão romântico... Aliás, mais tarde eu fui descobrir que estava compartilhando o carro com um casal Francês em lua-de-mel.Mas, como estamos na África, é claro que o romantismo logo se tornaria em aventura de novo. Aliás, em frio na barriga...



O rinoceronte estressado

“Olha, um black rhino ali!”. Acho que a emoção de ver um rinoceronte preto foi tão grande, que fez nosso motorista acelerar para cima do animal. E o animal, para cima de nós, na sequência.

Destemidos e bastante brabos, os rinocerontes pretos não temem o homem e, com sua força, podem derrubar um carro sem muito esforço. É óbvio que não ficamos lá para conferir, e no momento de fuga eis que essa foto saiu da minha máquina.
















Quando o animal se acalmou, consegui ainda tirar mais algumas fotos, admirando a pose que mais demonstra sua força.














Tirando esse incidente, o restante da manhã foi maravilhoso, pois pude ver animais que até então não tinha visto nos outros Parques: rinoceronte branco, uma porção de babuínos e, ainda, as hienas, predadoras dos flamingos.


















Nessa foto só faltou a branca de neve saindo do meio das árvores... rs
No fim do dia, voltamos à capital Nairobi, onde peguei meu busão e voltei à vida de peão, após 14 horas de excursão!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Hakuna Matata parte II - África selvagem: Masai Mara


Agora vamos à parte que os aventureiros de plantão devem estar super curiosos para saber: o diário dos meus safaris*.
clique nas imagens para que elas aumentem de tamanho...

Bom, quando tudo começou eu pretendia passar quatro dias viajando: dois em um dos mais famosos Parques Nacionais de vida selvagem da África, Masai Mara, e mais dois no lago dos Flamingos, Lake Nakuro. No fim, acabei adicionando mais um dia, e visitei mais um Parque Nacional que, apesar do nome Hells Gate, me proporcionou uma das experiências mais intensas com a natureza durante esta viagem.

Assim como eu, o outro trainee, o Tomoya, queria fazer uns safaris antes de voltar para seu país. Então, começou a fazer pesquisas de preços e condições com agências locais. Aliás, com essas agências consegue-se chegar a uma economia enorme, no meu caso 300% em relação às do Brasil, sem perder abrir mão do conforto de dormir em cama, banho quente e três refeições.

Entrei em contato com a agência e fechamos meu pacote. E então, no sábado 22 de agosto, a aventura começou...

O primeiro dia

Às 7h30 o motorista estava na porta do acampamento para me buscar. Ao chegar no escritório em Nairobi efetuei o pagamento. O restante do grupo chegou: um casal português (finalmente voltei a falaNegritor português por uns dias), três amigas inglesas e uma voluntária como eu.

De Nairobi para Masai Mara foram 4h30 de viagem, parte em estrada pavimentada, parte em estrada acidentada... E, para nossa surpresa e alegria, há cerca de 1 hora do Parque, já vimos uma girafona atrevessando a estrada. Aliás, a vida selvagem no Kênia é riquíssima. Mesmo no caminho para o Lake Nakuru, meu último roteiro, vi vários babuínos... Sem falar nas zebras... Elas estão por todo lado, como se fossem nossos burrinhos no nordeste...

Masai Mara National Park

Às exatas 16h do mesmo sábado saímos para um passeio de tarde. Logo na entrada no Parque, vimos uma porção de zebras, diferentes tipos de gazelas e os Wild Best, o que creio serem os gnus. Aliás, descobri que a Fera do “A bela e a fera” é um deles!

Por falar em Fera, entre os meses de julho e outubro é quando ocorre o período de imigração. Os wild bests deixam o Parque Nacional do Serengueti, em Tanzânia, por conta da seca, e vêm aos milhares para o Quênia. Resultado: imagens lindas dos animais em fila caminhando incansavelmente, colinas repletas de wild bests e, se você estiver na hora certa e no lugar certo, você ainda tem o privilégio de vê-los cruzando o rio repleto de crocodilos. Se você estiver ainda na hora mais que certa, você poderá ver um deles sendo devorado por um crocodilo. Por pouco eu não consigo ver até esta última cena.

No meu segundo dia, quando fizemos o passeio durante o dia todo, os animais estavam cruzando o rio, juntamente com algumas zebras que pararam ali para beber água. Cerca de 4 minutos após a nossa chegada, algo curioso aconteceu: as zebras, à frente dos gnus, começaram a ter um comportamento estranho. Os wild bests pararam de descer a colina. Um crocodilo estava se aproximando de algum lado do rio. Imediatamente, comunicando-se uns com os outros, os animais correram de volta para a colina, deixando o rio totalmente vazio e desolado. Segundo o motorista do nosso carro, naquele dia talvez os wild bests não voltariam para cruzar o rio.

Foi também nesse dia que finalmente girafas em grupo, mas bem de longe, elefantes, bem de pertinho, e também o leão, bem de pertinho. Opa, bem de pertinho?

O rei leão

Era por volta das 10h quando encontramos o leão*. E, para minha frustração ele não rugiu nenhuma vezinha... É que quando chegamos ele estava esbaforido e respirando até com dificuldade: tinha acabado de caçar e trazer a presa, um búfalo para ninguém botar defeito. Deve ter sido uma caçada e tanto!

Para nos deixar um poquinho mais felizes, ele fez o favor de sair de um arbusto e ir para o outro, passando na frente do nosso carro, calmamente.

Uma das cenas mais lindas da viagem

Eu já havia ouvido falar nas sheetas, e até me lembro de tê-las visto correndo no National Geographic, mas admirar sua elegância e beleza tão exuberantes de perto foi sem palavras.

Vimos três animais: a mãe e os dois filhotes que, ao contrário do leão e das leoas que encontramos mais tarde com seus filhotes, estavam bem acordados. Iam de um lado para o outro. E sempre que paravam, parecia que estavam posando para nós. A fêmea gostava de parar em cima das colinas e ficar observando os animais no horizonte, suas caças potenciais. Esses momentos foram de deixar qualquer um de queixo caído. Uma pena que minha internet não me permita postar mais imagens, mas selecionei as duas que mais gostei para compartilhar com vocês.
Pássaros exóticos, hipopótamos e outros mamíferos de médio e grande porte fizeram a alegria do restante da nossa tarde. Nesse dia o almoço foi ao estilo “pic nic” e aconteceu no meio de um lugar qualquer no Parque. Naquele dia eu estava tão entusiasmada com tudo que nem pensei na possibilidade de algum animal estar por perto...

A tribo Masai

Desde que decidi ir para Masai Mara prometi a mim mesma que teria uma experiência com a tribo Masai. E cumpri. No fim do dia a agência me apresentou um Masai e topei conhecer sua gente, que mora a metros de onde eu fiquei. Para alguns, os 1000 Ksh que temos que pagar para entrar na Vila, o equivalente a R$25,00, assusta. Segundo o guia Masai, o valor é revertido em prol da comunidade. Para mim que já estava lá, investi mesmo, preferindo economizar o ingresso do cinema quando voltar ao Brasil a perder essa oportunidade que nem sei se voltará.

Uma vez lá dentro ele me explicou os costumes, crenças e dia-a-dia. As mulheres e homens ainda apresentaram para mim sua dança típica, e finalmente conferi o que mais estava curiosa para ver: o quão alto os homens massais pulam. Eles são peritos em pulo durante sua dança, um gesto usado para ajudar no processo digestivo, pois carne e leite são os únicos pratos da maior parte dos Massais.

Ao final, conheci o Masai Marketing, onde pude apreciar sua caprichosa arte e adquirir uma verdadeira Shuka* Massai!

Ahhhhhhh Keniaaaa...
Os Walt Disney que me perdoem, mas o nascer do sol do O Rei Leão não chega perto da beleza explêndida de vê-lo fora das telinhas. Às exatas 6h47 ele desponta no horizonte. Quando a gente chegou, às 6h43, nadinha. De repente ele começa a despontar, e como naqueles vídeos em modo acelerado ele surge magnífico. É de tirar o fôlego...

As sheetas novamente deram o ar de sua graça, um ou outro pássaro diferente, fazer as malas e trocar de acomodação. À tarde, enquanto parte do grupo voltou para Nairobi, o casal português e eu fomos para Lake Naivaisha.

*...Um pouco de Kiswahili

Jambo! = Olá!

Hakuna Matata: do Kiswahili, idioma oficial do Quenia e de Tanzânia, “sem problema”.

Safari = passeio.

Simba = leão.

Shuka = o cobertor que os Massais usam. Muito além de um artigo de vestuário, sua cor vermelha em diversos modelos e variantes garante a segurança dos Massais na savana, uma vez que é temida pelos leões.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

I'm back! E com muitas fotos e histórias prá contar

Oi pessoal!

Fiquei fora do ar esses últimos dias pois estava no Kênia. Passei 11 dias lá, sendo parte dele num acampamento para jovens evangélicos e outra parte conhecendo a África selvagem em três parques nacionais. Momentos inesquecíveis. Como a conexão hoje está boa hoje postarei três histórias, espero que gostem!

Faz tempo que estou para postar mais fotos das nossas crianças aqui, portanto vou iniciar com elas. A primeira delas é dos menorzinhos durante o café-da-manhã, composto por farinha de milho fervida na água.














Primeiros passos para nossa plantação de tomates. As crianças estão colocando em prática a teoria aprendida nas aulas de agricultura. Além disso, prepararemos lições especiais para ajudar as crianças a terem uma boa conduta em seu dia-a-dia, compartilhando histórias bíblicas que usam as palavras "frutos", "colheita", "plantação", "cultivo" entre outros relacionados a agricultura.














Essas são algumas das fotos da Oficina de Óculos "Deus tudo vê", um tempo muito gostoso em que compartilhamos a palavra do Senhor que diz que Deus sabe de todas as coisas e conhece todas as nossas ações, mesmo quando pensamos que ninguém está vendo. Ao final, as crianças puderam preparar seus próprios óculos feitos com grama e pedaços de pano.