quinta-feira, 30 de julho de 2009

Vodu é prá jacu! Clima religioso em Uganda

Aqui em Uganda o clima religioso é bastante pacífico, e as religiões as mais variadas. Aqui no Distrito de Rakai a predominância é de Muçulmanos não radicas e extremistas. Muito pelo contrário, muitos deles matricularam suas crianças em nossa escola Cristã e até aparecem nos cultos de vez em nunca!

Nas zonas rurais, como onde vivo, quando alguém fica doente muitas vezes as crenças nas religiões tradicionais vêm à tona. “Ahh, já sei o que aconteceu, fizeram bruxaria contra meu filho!”, dizem as mães. Contudo, hoje em dia, são poucos os reais adeptos a essas religiões tradicionais, sendo a história de bruxaria mais tradição ou para amedrontar as pessoas do que qualquer outra coisa (leia mais adiante “Um causo engraçado de bruxaria”). Segundo uma amiga Ugandense, confessar ser adepto a uma dessas religiões é motivo de vergonha e discriminação inclusive.

Na TV aberta a Rede Record, sim a do Bispo Edir Macedo, está presente nos lares com videoclipes evangélicos, telejornais e programação secular, tal como acontece no Brasil. Em Kampala há também uma Igreja Universal do Reino de Deus, bastante ostentosa para os padrões do país, como não poderia ser diferente.

Não muito longe dali há ainda um templo Hindu bem grande (seita a qual tentei entender, mas eles são bem complicados), igrejas Anglicanas, Evangélicas, Protestantes, Adventistas e, é claro, as mesquitas mulçumanas.

Olhem só essa foto que eu tirei (morrendo de medo de retalhações, num lugar diferente a gente nunca sabe se pode tirar fotos né...). Este é um templo Hindu aqui de Kampala. Mas sua fachada é diferente... Clique na foto para ampliá-la e repare cuidadosamente. Você notará desenhos muito parecidos com as suásticas nazistas. Meu amigo indiano disse que não tem ligação, que é um símbolo apenas....


Tal como na praça da Sé, em Kampala também vemos aquelas pessoas carregando a Bíblia na mão e gritando possivelmente profecias do Juízo Final. Na Sé ainda há um ou outro que para ao redor para ouvir, mas aqui ninguém. Contudo, as reuniões ao ar livre feitas pelos Muçulmanos em praças públicas que, por sua vez, ficam entoando repetidamente "ALAHHHHHHHH" têm grande audiência. Estou curiosa para saber o que eles dizem, mas pelo que notei somente homens participam dessas reuniões.

Vodu é prá jacu! Um “causo” engraçado de bruxaria













Diz meu chefe que conhece um rapaz que, há um tempo, comprou algumas terras. Os Ugandenses parecem bastante simpáticos e sorridentes, mas raramente trabalham em grupo e ajudam um ao outro. Talvez isso seja um mal da humanidade, mas aqui isso é muito evidente.

Enfim, antes de comprar a terra o rapaz fora advertido pela vizinhança que a área não era produtiva, pois havia sofrido bruxaria.

Vendo que o terreno era bom e que não podia perder a oportunidade para o tradicionalismo, decidiu defender-se a seu jeito. Numa noite, assegurando que a vizinhança estava ao redor para assisti-lo, ficou correndo nu ao redor do terreno. A vizinhança reconheceu aquela ação como a de um bruxo (o que o rapaz não era, além de esperto) e pararam de importuná-lo!

Pobre passarinhão...

Esse é o Kaloli, pássaro encontrado em todo o país, incluindo as poluídas ruas de Kampala. Extremamente pacíficos, quando estão pousados em algum lugar simplesmente ficam estáticos por vários segundos. Esse pássaro é tão grande e fica tão quietinho quando pousa que nos primeiros dias, ao vê-los em uma árvore, achei que fossem decoração.

Como se pode perceber, ele é uma boa representação da vida selvagem tentando sobreviver em meio ao caos da cidade.

Outros passarinhos... Só para admirar.

Ampabaana no jardim da minha casa... Eles normalmente andam em pares, macho e fêmea.














Esse não souberam me dizer o nome, mas é todo colorido, lindo demais. Também o vejo todos os dias em Rakai.






quarta-feira, 15 de julho de 2009

As mulheres de Uganda

Decidi criar um post especialmente dedicado a elas que têm um papel fundamental na sociedade Ugandense: as mulheres.






Um breve relato da vida das mulheres nesse pais:

- Produtoras de filhos, cujos pais simplesmente desaparecem;
- Das que têm marido, cerca de 70% sofrem algum tipo de violência doméstica;
- Diferentemente de outros países em que as mulheres sofrem violência e se mantém caladas, as mulheres aqui fazem o maior escândalo e espalham o problema para toda a vizinhança, mas nada muda;
- Pelas ruas empoeiradas da Vila, você sempre vai encontrar uma mulher carregando uma criancinha nas costas;
- As mulheres casadas ou mães normalmente usam seus vestidos com madeiras nos ombros, o que mostra à sociedade seu status de respeito;
- Falando em respeito, sempre que uma mulher vai comprimentar um homem ou um visitante de fora, elas colocam seus joelhos no chão em forma de reverência;
- Na tentativa de alimentar seus filhos, muitas delas trabalham pesado: carpintam, plantam e vendem suas colheitas nas ruas. Normalmente quando o ônibus de viagem faz uma parada, somos recebidos por uma dúzia delas (e alguns homens) vendendo bolinhos, espetinhos de carne e frutas;

Nossas meninas...

Um dia desses uma de nossas meninas deixou a escola. Aluna da 3ª série, decidiu largar os estudos, pois está grávida e com vergonha das amigas.
Pensando no futuro das futuras mamães e esposas daremos início ao Brighteen Worshop, um momento em que as meninas de 11 anos acima, alunas aqui da escola, poderão discutir conosco a cada quinze dias todas as suas dúvidas de adolescente. Daremos acompanhamento a essas meninas e suas amigas da comunidade ao redor, ministrando encontros a respeito dos assuntos que elas sugeriram,unindo conhecimento prático com os valores bíblicos como referência.

Para vocês terem uma idéia de como elas precisam de ajuda, perguntamos às nossas meninas se elas sabem explicar porque menstruam. Nenhuma soube responder. Há ainda temas sugeridos mais simples, e até engraçados. Uma menina quer saber porque as meninas mudam de comportamento (ficam tímidas) quando chegam perto dos meninos. Pergunta aplaudida por todas!

Claro que uma família não é formada apenas por mulheres, mas também pelos homens. Por este motivo, decidimos fazer o mesmo Workshop também para os meninos adolescentes, da escola e da comunidade, em horário separado do encontro das meninas. Estamos coletando os temas de dúvida dos meninos e o encontro também ocorrerá no próximo sábado 25. Estou muito empolgada!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A menina com o olhar mais lindo


Finalmente, eis a menininha com olhar mais lindo da Bright Hope School: Irene!

Essa menininha, assim como eu, é recém-chegada. Veio da Tanzânia, país que faz fronteira aqui com Uganda, juntamente com sua mãe e sua irmãzinha. Não é uma gracinha!