segunda-feira, 27 de abril de 2009

Insanidade profissional momentânea

Hoje acordei pensando como falar com minha chefe. O melhor jeito de aborda-la, como, quando e, principalmente, qual seria sua reação. Essa seria a primeira grande realização prática da viagem: ficar desempregada faria cair, de uma vez por todas, a minha ficha de que eu realmente não estava brincando comigo mesma. Afinal, tem gente que vive apenas de sonho. Felizmente não será esse o meu caso.

Meu período de sanidade profissional

Trabalho numa grande multinacional Holandesa há três anos e quatro meses, em maio cinco. Comecei em 2006, após passar por um concorrido processo de estágio. Aliás, atuei como “escraviária” durante dois anos. Uma tremenda experiência, mas que eu tinha certeza que terminaria ao final do contrato de estágio, em dezembro de 2007. Mas, como diria o saudoso Joseph Climber...Eis que sai da cartolinha de surpresas não um coelho mas sim uma proposta para continuar. Meus planos eram concluir a faculdade e embarcar em um intercâmbio, mas uma proposta de efetivação agregaria mais que uma viagem naquele momento. Aceitei.

Desde que entrei nessa multinacional percebi o quão importante é ter uma experiência no exterior. Percebia que pessoas que mal se conheciam ou de níveis hierárquicos diferentes uniam-se por meio da troca de conhecimento sobre outras culturas. Esse tipo de assunto quebra o gelo com qualquer pessoa, desde que realmente se tenha propriedade sobre. Mas o que eu queria mesmo era toda a bagagem profissional e pessoal que uma experiência dessas oferece. Foi por esse motivo que em 2007 decidi tentar o processo seletivo da AIESEC.

Para minha alegria, passei em mais este processo. Uma vez membro, após contribuir para a ONG, podia ingressar em um banco de vagas mundial. Fiquei atenta às vagas a partir de novembro de 2008, pois queria fazer o intercâmbio em meados de fevereiro de 2009. Passei por propostas de Dubai, Índia, Ucrânia, Polônia... Mas eu tinha constantes dúvidas no meu coração, não estava em paz, mesmo com os salários oferecidos e os grandes nomes das empresas envolvidas.

Foi então que em fevereiro, após preciosos conselhos, decidi que meu foco seria trabalhar com pessoas. Setor de ONGs como eu sempre desejei, mas com foco em pessoas. Na semana seguinte, surgiu a vaga na Hope Child Care Program, em Uganda, e a job description era tão interessante que decidi me candidatar. Cerca de duas semanas depois veio a resposta de que estavam apenas esperando minha carta de aceite.

Em que buraco estou me metendo?

Essa foi a exata pergunta que eu me fiz quando, mais uma vez na vida senti que o negócio tinha saído da teoria e ido para a prática. A job description não tinha sequer o endereço do site da Instituição... O que será que me moveu a enviar a carta de aceite mesmo sem saber direito para onde iria? Calma amigo, já chegaremos lá.

Você acredita em Deus? Acredita que Deus tem um plano para a sua vida? Eu acredito, e sei que ele tem um plano para a minha. E parte desse plano é essa viagem.

Após ir atrás de mais informações no Google sobre a ONG, finalmente localizei seu website. E, para minha surpresa/alegria/choro/indagação, leio o slogan da Instituição cuja tradução significa: “Levando a palavra e o amor de Deus para o mundo”. A ONG é cristã. Naquele momento acabaram-se todas as dúvidas que ainda tinha sobre minha decisão.


África? Você está louca?

Bem, tendo a sociedade considerado um emprego CLT como algo infinitamente sano profissionalmente, claro que minha decisão de pedir as contas para passar uns tempos na África só podia ser chamada de uma coisa: “louca!”. Claro que também teve aquelas reações extremamente positivas das pessoas que não estavam mais a fim de levar a mesma vidinha de sempre e queriam aventura, mas que no fundo no fundo não teriam coragem:

“Mewwwwwwwww... Que iraaaaaaado lannnnnn!!!! (silêncio) Te admiro muito viu!

E aqueles que ao ouvir a notícia se assustam, mas depois começam a se acalmar:

“Você vai para Uganda!? Aquele local do filme O último rei da Escócia? Ahn? Sei... Hum... Ahhhh, entendi... Poxa laine, boa sorte para você viu! Tou muito feliz por sua decisão!

Ou ainda os comentários engraçados:

“Você vai para a África? A agência de publicidade?”

Enfim, farei um post especial com a coletânea das reações só para ver se você se identifica quando você também for para a África (seu pensamento nesse momento: Eu!? Para a África?).

Mas e sua saída laine?

Ah sim, claro. Borboletinhas africanas voaram dentro do meu estômago, mas no fim deu tudo certo. Todos os meus colegas ficaram MUITO felizes. Afinal, apesar da aparente “loucura”, a causa é muito nobre e tem uma série de benefícios, desde espirituais (tendo em vista minha fé e o aperfeiçoamento que sei que terei lá), pessoais (aprender a me cuidar e gerenciar minha postura e pensamentos) e profissionais (é uma tendência: o mundo corporativo tem considerado a cada dia mais experiências de trabalho voluntário, no exterior então...). Será que você ainda me acha tão louca assim?

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